segunda-feira, 13 de maio de 2013

CAVALEIRO ERRANTE


Abriste a armadura, senti tua forma.

Retiraste o elmo e vi teu olhar, teu semblante.

No teu olhar, havia a ternura oculta.

...

O doce olhar de quem sabe que todas as amarguras se esfacelam,

quando se vê verdade diante dos olhos,

pois o tempo, senhor de todas as eras, regulador de nossa trajetória,

já te permitiu sonhar e sofrer.

Sorrir e chorar por vezes demais.

Mas as lágrimas são cicatrizes impressas nas almas,

para que elas possam reconhecer que diante de si

pode estar uma verdade simples,

porém perene nesta correnteza imparável que entendemos por vida.

Se ergueres novamente teu Excalibur contra aquele que se aproxima,

se mantiveres o escudo em guarda,

poderá deixar de perceber que se postou diante de ti um guerreiro ferido,

cujas feridas profundas, por vezes sangram.

Mas o guerreiro tem a força e a experiência de ter lutado muitas guerras e vencido todas elas,

mesmo aquelas em que não hasteou bandeiras.

Não quer mais batalhas e guerras em sua jornada.

Quer os campos de paz.

Aconchego da brisa sobre os campos de trigo,

sentir o gosto cálido da água do riacho que corre ao largo da estrada

que me conduziu à sua majestosa presença.

Diante de ti me rendi de joelhos em terra,

para que pousasse tua espada em meus ombros

e me tornasse teu Cavaleiro,

sem títulos,

despojado de honrarias de nobreza.

Simplesmente teu Cavaleiro.

Abriste a armadura, senti tua forma.

Retiraste teu elmo e vi teu olhar.

Senti o gosto de beber em teu cálice.

O vinho maduro, de sabor que desconhecia,

preparado das melhores de todas as castas.

Habitei em teu castelo e retirei-me para o posto de vigília.

Guardarei minha espada,

com a certeza de que ali, diante de mim,

ainda vejo o caminho que me leva de volta ao teu encontro.

Pois, mesmo que no trotar de meu cavalo,

eu, um imponente e destemido guerreiro,

sentir que se esgotam os meus dias,
é em tua direção que sempre terminará a estrada

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