Abriste a
armadura, senti tua forma.
Retiraste o elmo e
vi teu olhar, teu semblante.
No teu olhar,
havia a ternura oculta.
...
O doce olhar de
quem sabe que todas as amarguras se esfacelam,
quando se vê
verdade diante dos olhos,
pois o tempo,
senhor de todas as eras, regulador de nossa trajetória,
já te permitiu
sonhar e sofrer.
Sorrir e chorar
por vezes demais.
Mas as lágrimas
são cicatrizes impressas nas almas,
para que elas
possam reconhecer que diante de si
pode estar uma
verdade simples,
porém perene nesta
correnteza imparável que entendemos por vida.
Se ergueres
novamente teu Excalibur contra aquele que se aproxima,
se mantiveres o
escudo em guarda,
poderá deixar de
perceber que se postou diante de ti um guerreiro ferido,
cujas feridas
profundas, por vezes sangram.
Mas o guerreiro
tem a força e a experiência de ter lutado muitas guerras e vencido todas elas,
mesmo aquelas em
que não hasteou bandeiras.
Não quer mais
batalhas e guerras em sua jornada.
Quer os campos de
paz.
Aconchego da brisa
sobre os campos de trigo,
sentir o gosto
cálido da água do riacho que corre ao largo da estrada
que me conduziu à
sua majestosa presença.
Diante de ti me
rendi de joelhos em terra,
para que pousasse
tua espada em meus ombros
e me tornasse teu
Cavaleiro,
sem títulos,
despojado de
honrarias de nobreza.
Simplesmente teu
Cavaleiro.
Abriste a
armadura, senti tua forma.
Retiraste teu elmo
e vi teu olhar.
Senti o gosto de
beber em teu cálice.
O vinho maduro, de
sabor que desconhecia,
preparado das
melhores de todas as castas.
Habitei em teu
castelo e retirei-me para o posto de vigília.
Guardarei minha
espada,
com a certeza de
que ali, diante de mim,
ainda vejo o
caminho que me leva de volta ao teu encontro.
Pois, mesmo que no
trotar de meu cavalo,
eu, um imponente e
destemido guerreiro,
sentir que se
esgotam os meus dias,
é
em tua direção que sempre terminará a estrada
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