quarta-feira, 3 de abril de 2013

PARA DIZER QUE NÃO FALEI EM FLORES

Vejo pelas ruas, multidões de jovens. E são jovens de muitas idades. Estudantes, pessoas que ocupam posições de destaque em suas atividades. Outras mais humildes. Nunca se faz a distinção necessária entre humildade e simplicidade. Também, trabalhadores de todos os status profissionais. O que a maioria tem em comum? A juventude de ter menos de 50 anos. Claro que isso, em principio pode parecer sem sentido, mas vou tentar explicar como melhor souber. Se entenderem e concordarem, ótimo. Se ao contrário, quase nada mudará no cenário em que vivemos há muito.
Pois bem. Temos assistido, entre apoiadores insuflados e opositores contumazes da desordem, uma sequencia desordenada de eventos de manifestações, cujos motivos não são bem claros ou, cuja fundamentação é, para dizer o mínimo, discutível.
 Se vandalizar prédios públicos e, na esteira da turba enfurecida houver danos aos bens alheios, danem-se os que estiverem no caminho. Se gente mal informada (e a grande maioria é muito mal) se aglomera para protestos grotescos, incitados por repúdios ao que notoriamente desconhecem, eis aí uma típica massa de manobra. Gente que se torna rebanho.  Se torna gado útil que se lança ao risco do abate, por causas que nem sabem de onde vem, tampouco como terminam. Tudo o que pensam que sabem tem origem no que lhes foi contado, naquilo que nunca viram ou viveram. E o dito popular sustenta que “quem conta um conto, aumenta um ponto”. E assim é. Pergunto aos indignados e revoltados manifestantes: Qual é a sua verdadeira causa? Que bem comum defendem? Qual o propósito? Onde querem chegar? E por fim, como tudo isso vai terminar?  Vou lhes dizer algo que pode parecer inconsistente, mas é uma realidade da história deste país que muitos têm interesse em contar em retalhos mal costurados. Isso mesmo, a história recente é uma tremenda colcha de retalhos, onde a verdade foi camuflada, deturpada, corroída pela necessidade do sigilo e, as notícias sempre de bastidores ou clandestinas, eram repassadas com a necessária condução do direcionamento, com intuito de arregimentar uma nação que não sabia de quase nada. Não havia internet, nem e-mails, muito poucos tinham telefone e celular era ficção científica.
As tentativas de manobra que se repetem no presente tiveram sua retomada no início dos 1960. Quando a maioria absoluta dos revoltados de hoje, sequer tinham ideia de nascer. O vice-presidente João Goulart  estava na China comunista “em missão diplomática”, quando Jânio Quadros renunciou. Voltando às pressas,  o vice iria assumir o comando, mas um grupo de observadores severos tomados do medo do avanço comunista, tentaram impedi-lo. Ocorreram os fatos que ficaram conhecidos como “Movimento pela Legalidade”, liderado por Leonel de Moura Brizola. Ato legítimo, até aí. Só que grupelhos de aparelhamento se esgueiravam pelas sombras e subterrâneos, aproveitando-se da coragem do caudilho. A sensação de medo do terror só se fez aumentar. Houve assaltos a banco, sequestros e assassinatos sob a bandeira de resistência civil. Estava sendo travada uma revolução com pretensões de ser do proletariado contra a burguesia. Quem tinha negócios próprios – como ter uma padaria, por exemplo – era patrão, portanto burguês. Esta é a tese mais desastrosa das ideologias desenvolvidas, mas havia e, ainda há muitos seguidores imbecis dessa doutrina de rancor. Os comandantes das forças armadas, que tem a obrigação constitucional de estabelecer e manter a ordem viam a cada dia o que se agigantava. Não se enganem, há muito mais instrução política e social nas forças armadas, do que meramente instrução bélica. Foi aí, que naquele 31 de março de 1964, eclodiu a contrarrevolução. Erroneamente chamada de golpe ou revolução. Já havia uma revolução, prestes a tornar-se guerra civil. Os militares impediram. Não pretendo aqui, absolver os excessos, tampouco os abusos. Não apoio qualquer forma de totalitarismo ou ditaduras, sejam elas fardadas ou de paletós e gravatas. Mas vivemos no grave limiar da ditadura que o país e seus jovens desconhecedores da verdade, estão escolhendo e acolhendo. Fascinados pela aventura no desconhecido. Embriagados pela falsa promessa de igualdade, que nunca haverá. Pois só emerge e melhora sua condição de vida aquele que estuda e trabalha muito. Dedica-se com o mesmo fervor ao produzir para si uma escalada de qualificação e conhecimento, aliando tudo isso à experiência, único caminho para ter-se sucesso em qualquer empreitada.
 Tendo entender a paixão idólatra destes jovem com menos de cinquenta anos, pois eles não viveram nada disso. Eles não estavam lá.  Tudo que aprenderam foi por meio das histórias contadas sempre com um final diferente, tal como as histórias de Cinderelas e Brancas de neve, onde sempre tem um príncipe e uma bruxa má. Se passaram exatos quarenta e nove anos, neste 31 de março de 2013. Lhes digo tudo isso, pois não lhes falarei das flores que supostamente vencem o canhão.

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