domingo, 31 de março de 2013

O DIA EM QUE UM FOCA TEVE SEU DIA DE VAGALUME

Ontem a tarde na redação do Jornal do Comércio estava me sentindo em casa, em meio à correria do fechamento da edição do dia seguinte, corria um bate-papo de amenidades e boas lembranças. Ali Fernando Albrecht, Roberto Brenol e eu conversávamos sobre os tempos um tanto mais distantes nas antigas redações de importantes jornais gaúchos. Albrecht que é montenegrino, berço de outros jornalistas que se destacaram, lembrava-se de antigos amigos e algumas peripécias. Não faltaram lembranças de situações engraçadas e outras que nos remetiam ao túnel do tempo. Por perto estava Danilo Ucha com seu garbo fronteiriço de Santana do Livramento, mais ou menos concentrado em seus artigos, mas provavelmente lembrando que por pouco não alçou Rivera como bairro de sua terra natal. Já Brenol se lembrava dos tempos que, não fossem as tremedeiras naturais do jornalista iniciante, teriam sido à época situações engraçadas e outras que não eram boas lembranças, mas como bom repórter tinha a obrigação de noticiar. Como exemplo a tragédia do Gran Circo Norte Americano que, em grande incêndio vitimou muitas pessoas. Notícia de plantonista, em plena transmissão de futebol no domingo e, enfrentar o crivo de Mendes Ribeiro não era tarefa fácil. Outro fato pitoresco e porque não dizer, hilário, ocorreu na redação do Jornal Correio do Povo dos tempos da Caldas Júnior. Foi quando a notícia recebida como furo de reportagem por um repórter que já não está em nosso convívio, dava conta do falecimento de D. Vicente Scherer. Era uma notícia contundente. Matéria redigida com a celeridade que o evento requeria, baixou imediatamente para a impressão da edição que estava “no forno”. Tudo teria sido muito lamentável com tal perda, não fosse o fato de que, na manhã seguinte irrompe pelos corredores da Caldas Júnior nada menos que o próprio Dom Vicente dizendo de braços abertos, cheio de bom humor:
- Meus filhos, vocês querem se antecipar à vontade de Nosso Senhor?
Graças ao bom senso de Breno Caldas, cabeças não foram para a guilhotina, coisas que não seriam aceitas nas redações dos tempos atuais.
Como não se sentir um tanto minúsculo em um ambiente que reunia Carlos Pires de Miranda, Osni Machado, Adão Oliveira, Marco Birnfeld, José A. V. da Cunha, Hélio Nascimento,Vinicius Ferlauto, Patrícia Knebel e os já citados jornalistas, entre outros e, somando suas carreiras ultrapassamos dois séculos de experiência em um jovem veículo de comunicação com apenas oitenta anos de existência. Não há como não sentir-se admirado com o brilho dessas estrelas, nos transformamos em meros vagalumes

sexta-feira, 29 de março de 2013

INSTITUTO LULA

ARTIGO DE REINALDO AZEVEDO  - COLABORAÇÃO DE GILNEI LIMA

Tenho algumas perguntas a fazer a Lula, a Kassab e aos vereadores que querem doar patrimônio público para o falso "Memorial da Democracia" do PT. Se houver resposta, juro que publico!

O Instituto Lula quer construir no Centro de São Paulo, num terreno que fica na antiga Cracolândia, o que chama "Memorial da Democracia", que reunirá, com especial ênfase, um acervo de documentos e objetos dos oito anos de mandato do Apedeuta. Os petistas agora dizem que pretendem dar atenção também a outros momentos importantes da história, como a luta contra a escravidão, a proclamação da República etc. Para tanto, pediram à Prefeitura de São Paulo a cessão do tal terreno, com o que concordou o prefeito Gilberto Kassab (PSD), que já enviou o pedido à Câmara, onde tem folgada maioria. Então ficamos com o roteiro completo para o triunfo da mistificação: Lula, um ex-presidente bastante popular, pede um terreno ao prefeito; este, que vive uma fase de aproximação com o governo federal, acha a ideia boa e envia a mensagem à Câmara, onde tem maioria. A maioria dos vereadores tende a concordar. Resta ao Ministério Público demonstrar se tem ou não vergonha na cara e memória histórica ou se também está rendido a um partido político.

E por que escrevo assim?

O escracho já começa no nome do empreendimento. O inspirador do "Instituto Lula", que quer privatizar uma área e mais de 4 mil metros quadrados, que pertence a todos os moradores de São Paulo, decidiu, como se vê, “privatizar também a democracia”. Julga-se no papel de quem pode ser o inspirador de uma "memorial".

É uma piada grotesca, típica de asininos enfatuados, de exploradores da boa-fé pública. Se Lula é o senhor de um "Memorial da Democracia", o que devemos a Ulysses Guimarães, por exemplo? A canonização? Estamos diante de uma pantomima histórica, de uma fraude.
Tenho algumas perguntas a fazer a Lula, a Kassab e aos vereadores de São Paulo.

1: Constituição - A negativa dos petistas em participar da sessão homologatória da Constituição de 1988, uma das atitudes mais indignas tomadas até hoje por esse partido, fará parte do "Memorial da Democracia", ou esse trecho será aspirado da historia, mais ou menos como a ministra da Mulher diz que aspirava úteros na Colômbia?

2: Expulsões - A expulsão dos três deputados petistas que participaram do Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves, pondo fim à ditadura - Airton Soares, José Eudes e Bete Mendes - farão parte do "Memorial da Democracia", ou isso também será aspirado da história, como a Universidade Federal de Santa Catarina aspirou a entrevista da agora ministra da Mulher? Em tempo: vi dia desses Soares negar na TV Cultura que tivesse sido expulso. Diga o que quiser, agora que fez as pazes com a legenda. Foi expulso, sim!

3: Governo Itamar - A expulsão de Luíza Erundina do partido porque aceitou ser ministra da Administração do governo Itamar, cuja estabilidade era fundamental para a democracia brasileira, entra no Memorial da Democracia, ou esse fato será eliminado da história junto com os fatos, os fetos, as fotos e os homens que não são do agrado do petismo?

4: Voto contra o Real - A mobilização do partido contra a aprovação do Plano Real integrará o acervo do Memorial da Democracia, ou os petistas farão de conta que sempre apostaram na estabilidade do país?

5: Guerra contra as privatizações - As guerras bucéfalas contra as privatizações, o tema anda mais atual do que nunca, e todas as indignidades ditas contra a correta e necessária entrada do capital estrangeiro em setores ditos "estratégicos" merecerá uma leitura isenta, ou o Memorial da Democracia se atreverá a reunir como virtudes todas as imposturas do partido?

6: Luta contra a reestruturação dos bancos - A guerra insana do petismo contra a reestruturação dos bancos públicos e privados ganhará uma área especial no Memorial da Democracia, ou os petistas farão de conta que aquilo nunca aconteceu? Terão a coragem, já que são quem são, de insistir na mentira e de tratar, de novo, um dos pilares da salvação do país como um malefício, a exemplo do que fizeram no passado?

7: Ataque à Lei de Responsabilidade Fiscal - Os petistas exporão os documentos que evidenciam que o partido recorreu à Justiça contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, tornada depois cláusula pétrea da gestão de Antônio Palocci no Ministério da Fazenda?

8: Mensalão - O Memorial da Democracia vai expor, enfim, a conspiração dos vigaristas, que tiveram o desplante de usar dinheiro sujo para tentar criar uma espécie de Congresso paralelo, alimentado por escroques de dentro e de fora do governo? O prédio vai reunir os documentos da movimentação ilegal de dinheiro?

9: Duda Mendonça na CPI - Haverá no Memorial da Democracia o filme do depoimento de Duda Mendonça na CPI do Mensalão, quando confessou ter recebido numa empresa no exterior o pagamento da campanha eleitoral de Lula em 2002? O museu de Lula terá a coragem de evidenciar que ali estava motivo o bastante para o impeachment do presidente?

10: Dossiê dos aloprados - O Memorial da Democracia que tanto entusiasma Lula e Kassab trará a foto da montanha de dinheiro flagrada com os ditos aloprados, que tentavam fraudar as eleições, para não variar, buscando imputar a José Serra um crime que não cometera? Exibirá a foto do assessor de Aloizio Mercadante, que disputava com Serra, carregando a mala preta?

11: Dossiê da Casa Civil - Esse magnífico Memorial da Democracia trará os documentos sobre o dossiê de indignidades elaborado na Casa Civil contra FHC e contra, pasmem!, Ruth Cardoso, quando a titular da pasta era ninguém menos do que Dilma Rousseff, e sua lugar-tenente, ninguém menos do que Erenice Guerra?

12: Censura à imprensa - Kassab, que quer doar o terreno, se comprometeria a pedir a Lula que o Memorial da Democracia reunisse as evidências das muitas vezes em que o PT tentou censurar a imprensa, seja tentando criar o Conselho Federal de Jornalismo, seja introduzindo no Plano Nacional de Direitos Humanos mecanismos de censura prévia?

13: Imprensa comprada e vendida - Teremos a chance de ver os contratos de publicidade do governo e das estatais com pistoleiros disfarçados de jornalistas, que usam o dinheiro público para atacar a imprensa séria e aqueles que o governo considera adversários nos governos dos Estados, no Legislativo e no Judiciário?

14 - Novo dossiê contra adversário - O Museu da Democracia do Instituto Lula reunirá as evidências todas das novas conspiratas do petismo contra o candidato da oposição em 2010, com a criação de bunker para fazer dossiês com acusações falsas e a quebra do sigilo fiscal de familiares do candidato e de dirigentes tucanos?

15 - Usos da máquina contra governos de adversários - A mobilização da máquina federal contra o governo de São Paulo em episódios como o da retomada da Cracolândia e da desocupação do Pinheirinho entrará ou não no Memorial da Democracia como ato indigno do governo federal?

16 - Apoio a ditaduras - O sistemático apoio que os petistas empenham a ditaduras mundo afora estará devidamente retratado no Memorial da Democracia? Veremos Lula a comparar presos de consciência em Cuba a presos comuns no Brasil? Veremos Dilma Rousseff a comparar os dissidentes da ilha a terroristas de Guantánamo? Fiz acima perguntas sobre 15 temas.

Poderia passar aqui a noite listando as vigarices, imposturas, falcatruas e tentativas de fraudar a democracia protagonizadas por petistas e por governos do PT. As que se leem são apenas as mais notórias e conhecidas.

NÃO! ERRAM AQUELES QUE ACHAM QUE QUERO IMPEDIR LULA, E O PT, DE CONTAR A HISTÓRIA COMO LHE DER NA TELHA. QUEM GOSTA DE CENSURA SÃO OS PETISTAS, NÃO EU!

O Apedeuta que conte ao mundo desde o fim e rivalize, se quiser, com Adão, Noé, Moisés ou o próprio Deus, para citar alguém que ele deve julgar quase à sua altura. MAS NÃO HÁ DE SER COM O NOSSO DINHEIRO. Kassab tem o direito de doar uma área pública para aquilo que será, necessariamente, um monumento à versão da história de um só partido, com especial ênfase no trabalho de um líder? Não! Essa conversa de que será uma instituição suprapartidária é mentirosa desde a origem. Supor que Paulo Vannuchi, JUSTAMENTE O RESPONSÁVEL POR AQUELE PLANO SINISTRO QUE DIZIA SER DE DIREITOS HUMANOS E QUE PREVIA CENSURA PRÉVIA, e Paulo Okamotto possam ter qualquer iniciativa que não traga um viés petista é tolice ou má fé. Ou, então, o prefeito transforme o centro de São Paulo numa espécie de Esplanada dos Partidos. Por que só para Lula? Fique de olho, leitor! Se você for petista, deve achar a doação de um terreno a Lula a coisa mais normal do mundo, um presente merecido. Se não for, veja lá o que vai ser feito deste país.

Lula é só um contumaz sabotador de governos alheios.

Para erguer o seu Museu das Imposturas, basta que ele estale os dedos, e haverá empresários em penca dispostos a lhe encher as burras de grana. Que compre o terreno!

E que o (des) governo federal, transforme esse dinheiro em creches.
 
 

quarta-feira, 27 de março de 2013

GRAÇAS ÀS PESSOAS QUE APRECIARAM UM DE MEUS TRABALHOS FOTOGRÁFICOS, VEJAM ONDE ELE FOI PARAR.


O OLHAR SOBRE O PASSADO

 O olhar se perdia pela janela ampla. Longe se via um grupo de homens em movimento, trabalhavam em uma construção. Algo um tanto difícil de entender o que seria erguido lá em Champ de Mars.
Estava em frente à vidraça embaçada em contemplativa observação. Ouvia a música vinda do outro lado rua. Um cheiro agradável de comida sendo preparada no restaurante de Ciorán Eminescu, um imigrante húngaro, de onde também partia aquela sonoridade que, na forma de música melancólica ora lamentosa, ora levemente efusiva.
Ao redor o ambiente era elegantemente mobiliado, e com sutil requinte de bom gosto. Tudo que um quarto de dormir deveria ter. A cama com cabeceira de ferro em arco trazia nos quatro cantos hastes para um toldo. Uma confortável poltrona de leitura estava disposta próxima da janela.
Uma escrivaninha cheia de papéis e livros. Muitos deles com anotações nas bordas das páginas feitas com lápis de carvão fino. Um tinteiro e uma pena elegante de origem Persa. Havia uma penteadeira, sobre a qual algumas maquilagens estavam dispostas diametralmente harmônicas.  
Isso revelava uma tendência à métrica, ao cuidado de estar tudo na mais perfeita ordem. As paredes eram revestidas com um tecido fino com listras suaves em tom rosado. Ao longo das paredes, um rebordo de madeira esculpida à mão dava um detalhe que dividia as paredes em dois segmentos. Na parte baixa o tom era mais escuro que o de cima. Esta cinta ornamental tinha objetivo de destacar três quadros de óleo sobre tela dispostos de modo angular.
Todos assinados com o rabisco em tom pastel: MannaM. Eram obras únicas, dignas de exposição em museu, retratavam paisagens impressionistas requintadas. Mãos de artista de qualidade haviam produzido aquelas imagens lúgubres e intensas, porém docemente pigmentadas. O cheiro de incenso de rosas se misturava com o aroma da comida, em contraponto, mas sem interferir na percepção distinta de amba
Alguns frascos de boticário com essências de Jasmine e Parfum D’Fleur estavam sobre a penteadeira, ao lado da almofada que assentava a escova de prata.
O espelho de um fino cristal cintilava sobre a penteadeira permitindo a sensação de que o espaço do ambiente era ainda maior. Um baú com cadeado ajustado aos pés da cama alta tinha um almofadado sobre a tampa que servia como assento para vestir os calçados. Ao fundo, na parede oposta à janela, bem ao lado da porta, estava uma grande móvel de mogno sueco com portas.
Um armário que se confundia com o revestimento, fazendo-o parecer que nem existia. Nele eram guardadas muitas das roupas de uso diário e as de festa. Tudo muito limpo e organizado, o que deixava claro para quem observasse que era regularmente limpo e arrumado, certamente por uma aia ou arrumadeira.
 Mantinha-se imóvel em frente à janela. Sentia uma sensação gratificante de prazer e liberdade, mesmo com um uma lágrima descendo pelo rosto. Havia um sorriso leve e discreto na expressão que não era refletida na opacidade das vidraças.
A dor da perda já nem era tão forte agora. Permanecia em silenciosa contemplação dos homens na construção ao longe.
Nem as fortes batidas na porta e os chamados repetidos, em tom angustiante quebraram o estado absorto:
- Anne Marie... Anne Marie...
Até que um estrondo partiu a porta e dois homens entraram no quarto, acompanhados de madame Claire.
- Oh, meu Deus! Oh, meu Deus. – foram as únicas palavras que madame Claire pode pronunciar.
O inspetor de polícia de Paris aproximou-se da cama onde o corpo jazia com os olhos entreabertos.
Tinha lágrimas secas em seu rosto. Na mão direita segurava uma carta, onde letras borradas davam pistas de que lágrimas deveriam ter caído sobre o papel escrito com tinta bleu dês campagne, artigo fino e caro. Raro para ser mais exato.
Na mesa de cabeceira, entre alguns bibelots biscuit e uma candeia de bronze, um copo vazio, um frasco de láudano e outro de absinto. Farelos de torrão de açúcar também foram percebidos. O inspetor aproximou-se da jovem e cheirou-lhe a boca, que tinha um leve tom arroxeado.
- Suicídio. Envenenou-se com essa mistura letal. Mas morreu dormindo. Porque faria tal coisa essa belíssima mulher? Que motivo teria? Se ao menos a carta estivesse escrita em Frances?  Bem, teremos que levar a um linguista.
- Ninguém mexa em nada, antes que o legista faça seu trabalho.
O inspetor parou diante da janela, sem perceber sua presença, ela nem se importou com isso.
- O que esse tal de Eiffel vai fazer com essa cidade? Aqueles homens nunca vão conseguir erguer aquela quantidade de metal. Bem, isso não é da minha conta. – disse isso e se retirou do quarto onde o corpo sem vida de Anne Marie jazia sobre a cama.
...£...
Ao ouvir o despertador levantou em sobressalto. Estava suada ao redor do pescoço. O pulso estava um tanto acelerado. Eram mais de nove horas da manhã. Ficou aliviada por ter acordado.
Pegou imediatamente o telefone e discou.
Alguns segundos e, a voz do outro lado disse:
- Consultório do Dr. Wildner, pois não.
- Laura, é Anne Marie. Preciso falar urgente com o Wildner. Ainda hoje, por favor. Tive aquele sonho outra vez, aliás, pior do que das outras vezes. Isso não é pesadelo; é autorregressão.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Funcionários do SBT fazem movimento contra apresentadora do ‘SBT Brasil’, diz jornal.




Funcionários do SBT estariam indignados com alguns comentários da âncora do "SBT Brasil", Rachel Sheherazade, segundo a coluna "Outro Canal", do jornal "Folha de S. Paulo", publicada nesta segunda-feira (25).



Jornalista é âncora do jornal desde 2011

A jornalista é conhecida por fazer comentários que são considerados, muitas vezes, reacionários e conservadores. Segundo o jornal, os funcionários estariam preparando um abaixo assinado  intitulado "Rachel não nos representa" para encaminhar à diretoria da emissora.

O SBT disse desconhecer essa iniciativa. Além disso, o diretor de jornalismo do canal, Marcelo Parada, disse que qualquer âncora da emissora tem plena liberdade para emitir opiniões.

Opinião do Editor: Se vivemos tempos de temores de mordaças, não precisamos desse “cheiro de fumaça”. Ora, se um jornalista tem que medir palavras para não parecer reacionário e, tudo porque não tem “papas na língua” ao dizer o que pensa sobre certas situações que repercutem bem perante a sociedade, corremos um sério risco de voltarmos aos tempos que jornalistas escreverão em porões, em publicações clandestinas, serão calados pela censura do cárcere ou, teremos um circo de pulgas amestradas à serviço do colonialismo dos coronéis sem farda. Por Gilnei Lima

Fonte: Folha de São Paulo

PEÇAM AJUDAS AOS UNIVERSITÁRIOS

COMENTÁRIO POSTADO NA PUBLICAÇÃO DE Fernando Albrecht.
Por Gilnei Lima -
www.gilneilima.com

Perguntem aos estudantes de hoje quem foi chamado "Águia de Haya"? Quem escreveu a Ilíada? Qual foi a primeira capital do Brasil? peça que cantem o Hino Nacional? O Hino rio-grandense? e mais, quem o compôs? Vejam bem, não estou me alçando à condição de ter qualificação para tais questionamentos, porém me permito confortavelmente emitir opinião própria e bem consolidada. Sem fazer crônica de minha vida pessoal, meus pais fizeram o que de melhor poderiam ter feito por mim: Me estimularam a buscar cultura e desenvolver um mínimo de erudição. Humildes, ele ferroviário e ela professora, ambos estudaram Filosofia. Meu pai mergulhou nos estudos da Teologia (como dizia: para deleite próprio e satisfazer suas curiosidades), já minha mãe, foi buscar em pós-graduações em História das Civilizações, História Egípcia e Estudos dos Problemas Brasileiros (PUCRS - 1973, que rendeu-lhe ficha no DOPS). Dispúnhamos de centenas de livros em casa. Um mundo de conhecimento, questionamentos e provocações à disposição. Isto não me tornou um bom comunicador no rádio, nem me promoveu a cronista ou escritor de elevada composição. Enveredei pelos caminhos da engenharia, sonho paterno por conta da ferrovia, mas que nunca me deram a satisfação necessária para imprimir minha marca neste cenário. Mesmo tardiamente, reconheci que as comunicações, as palavras e conteúdos fundamentados no prazer de saber, questionar, duvidar e curvar-me diante daqueles que têm notório saber, eram o caminho inevitável em minha trajetória. Então virá dos senhores a pergunta: E o que isso tudo têm a ver com a publicação matriz desta postagem? Poderia ser nada, não fosse o fato de distinguirmos Educação de Ensino e Cultura. Eu recebi Educação (em casa) para aproveitar meu tempo para adquirir Cultura (por motivação e estímulo), por meio do aprendizado livre e do Ensino formal. Confesso que obtive mais do primeiro. Na escola politécnica de engenharia, na cátedra de Metodologia e Lógica, acabei por descobrir e entender que as metodologias desgastadas nunca terão lógica alguma. Por isso deixo apenas uma singela sugestão:
- Não peçam ajuda aos Universitários!

 Enviada pelo autor como colaboração ao Jornal do Comércio.